Olá, olá,
Mais uma vez, trago-vos (parte de) um conto do amigo e escritor, Franklin Sousa, que já devem ter conhecido aqui. Desta vez, o conto é bem diferente e, por aqui, conseguem ver bem a qualidade da sua escrita! Espero que gostem e não se esqueçam de visitar o blogue dele também porque terão lá imenso entretenimento... Pensem em ótimas histórias, para vários gostos, que nos são oferecidas de forma completamente gratuita e super fácil de aceder. Que mais poderíamos querer?
"- Precisamos de sair, o local vai explodir!
- É tarde para mim, salva a tua vida!
- Não vou a lugar nenhum sem ti...
Pip... Pip... Pip...
Brasília - 48 horas antes
- Não devias estar pronto? É o teu grande dia.
- Mas eu estou pronto!
- Nem pensar, não me vais acompanhar vestido com esses trapos.
- Nós vamos cometer um assassinato, não uma festa de gala, Beatriz.
- Sim, e por isso mesmo não podes ir vestido que nem um mendigo.
- Mais respeito, isto é Armani.
- Isso foi um Armani, Otávio, quando o compraste em 2003. Hoje não passa de trapos. Anda, eu ajudo-te a escolher algo mais adequado.
Devem estar a pensar em quanta é a frieza na vida destas duas pessoas, elas estão prestes a assassinar o Presidente da República e agem como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Também pudera, esse não era o primeiro assassinato da dupla, pelo contrário, na deep web eles eram descritos como os melhores, pelo menos os melhores brasileiros.
Quem via Beatriz (nome de código utilizado) tão doce e meiga, jamais poderia imaginar que ela era uma assassina sádica e fria. Conta-se que muitos preferiam ser torturados pelo Diabo em pessoa do que cair nas mãos de Beatriz. Ela seduzia as vítimas com o seu charme e depois mutilava-os enquanto ainda estavam vivos. Lembro-me de um relato de que certa vez ela obrigou uma das suas vítimas a comer cada um dos seus dedos e no final ainda pedir bis. Beatriz era conhecida como 'Demónia Encarnada', título que a fazia sorrir quando pronunciado por um dos seus amigos, pois ela mesma sabia que nem o demónio gostaria de se cruzar no seu caminho.
Ótavio não era muito diferente, embora tenha sido o mestre de Beatriz assim que ela entrou para o Experimento 619, ele também tinha medo dela e dos seus métodos de tortura e assassinato. Mas não se enganem ao pensar que ele o polícia bom, longe disso. Otávio também tinha um apelido muito temido pelos seus inimigos, chamavam-no de 'Vampiro Negro', em referência à sua cor de pele, mas principalmente pelo facto de ele beber sempre o sangue das suas vítimas enquanto as assistia a agonizar e morrer.
Os dois formavam uma dupla perfeita, uma equipa implacável e ambos sabiam que chegaria o dia em que receberiam ordens para se matarem um ao outro. Mas enquanto esse dia não chegava, os dois trabalhavam juntos, quem os via de longe até poderia pensar que era um casal normal e pais de duas lindas meninas. Embora houvesse algum flirt e já tivessem ido para a cama juntos algumas vezes, ambos sabiam que esse sonho de vida e família feliz não lhes pertencia, eles não mereciam essa dádiva e, com certeza, não seriam agraciados por ela.
- Sinto-me um garçom. Quem usa laços hoje em dia?
- Estás lindo, além disso, agora pareces gente!
- E o que eu parecia antes?
- É melhor não comentar. Carregaste os rifles?
- Carreguei, mesmo sem saber o porquê. Nós nunca os utilizamos.
- Nunca se sabe quando iremos precisar, querido, hoje parece um bom dia para usá-los. A agência já enviou os dados de segurança particular do presidente?
- Sim! Ele conta com, pelo menos, vinte seguranças fortemente armados e, pelo menos, mais de trinta a fazer a segurança do prédio. Mas como hoje é noite de fala, a segurança deve ser reforçada pela polícia civil e militar e ouvi rumores de que as forças armadas estarão presentes só por precaução.
- E a nossa distração? Está tudo ok?
- Ah, minha Demónia, pensei que não ias perguntar. O estádio está totalmente carregado de C4, será realmente uma noite de gala para o presidente.
- Eu diria que para os convidados, o presidente não estará vivo para ver os fogos..."
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